Condições dos canis municipais

Histórias, sugestões e opiniões sobre a temática dos direitos animais em Portugal e no mundo...

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Tassebem
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sexta jul 27, 2012 9:59 pm

«A propósito do canil de Vila Fria : Grupo de Oeiras dirige carta aberta ao Presidente da Autarquia

Julho 27, 2012


Carta Aberta ao Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Dr. Isaltino Morais

Oeiras, 03 Julho 2012

Exmo. Sr. Dr. Isaltino Morais,

Aceite as nossas melhores saudações.

É muito provável que não receba esta nossa mensagem com o maior agrado e que o simples facto de ver o nome do nosso grupo o coloque numa disposição desconfortável, antecipando a possibilidade de críticas ou queixumes. Pedimos-lhe, portanto, a gentileza de nos dedicar alguma atenção e tentar ler esta mensagem até ao fim com o espírito aberto e observador, que queremos acreditar que tem.

Queremos, também, acreditar que o Sr. Dr. não nos tem na conta de uns quantos pobres de espírito que nada mais têm a fazer na vida que não seja preocupar-se com cães e gatos, mas sim de cidadãos conscientes, activos, inteligentes e civilizados, para quem a protecção dos mais fracos e dos indefesos é uma prioridade.

Cuidar dos animais é uma demonstração de civilização. Quanto mais inteligente e civilizada for uma pessoa, for um povo, for um país, mais se preocupa com o bem-estar, a segurança e a protecção dos animais.

Em última análise, é precisamente disso que se trata: de uma questão de inteligência.

Repare que todas as vozes que se têm erguido no mundo, ao longo das épocas, em defesa dos direitos dos animais, são de grandes homens, que tiveram os seus nomes inscritos na História da humanidade. Pensadores, grandes estadistas, filósofos, cientistas, mentes brilhantes que advogaram a defesa dos animais e da sua dignidade.

Repare, também, que os povos mais atrasados, os países mais incivilizados, são aqueles onde os animais mais sofrem e mais são desprezados. Não há dúvidas, como bem mencionou Ghandi, que “a grandeza de uma nação e o seu progresso moral podem ser avaliados pelo modo como os seus animais são tratados.”

Quem queremos ser, e a forma como queremos ser recordados, está nas nossas mãos. Muitas vezes, temos de caminhar sozinhos, contra correntes retrógradas e incivilizadas. Outras vezes encontramos no nosso caminho ajuda inesperada. Gente que não se importa de estar ao nosso lado para nos ajudar a alcançar um bem maior e engrandecer o nosso nome. Creia em nós como essa gente que quer ajudá-lo, ajudando os animais, demonstrando ao país e ao mundo a inteligência e a civilização de um governo local, que pode demonstrar ser maior e mais eficiente do que o próprio Estado. Acompanhe-nos, também, e ajude-nos a ser melhores e a fazer melhor.

Somos, sem dúvida, um país atrasado em muitas vertentes. Um país de gente desinformada e às vezes até ignorante. Mas é dever de quem sabe mais, de quem vê mais longe, ensinar, orientar, liderar.
Mas só é possível ajudar quem quer ser ajudado.

Lamentavelmente, os anos vão passando e as alterações, as soluções, as melhorias, não acontecem. Será porquê, Sr. Dr.? Tem ao seu lado gente capaz? Será altura de fazer mudanças naqueles que o acompanham e aconselham? Ou trata-se apenas de falta de vontade, pura e simples?

Dir-nos-á que houve agora uma melhoria. Que se inaugurou um canil com melhores condições. Que continuamos a queixar-nos e que nada nos serve… não. Não nos serve, Sr. Dr., tal como não deveria servir-lhe a si. Os seus olhos e a sua inteligência não são diferentes dos nossos. Vemos as mesmas coisas e temos a mesma capacidade para pensar sobre elas.
É melhor? Qualquer coisa é melhor do que o matadouro onde se amontoaram animais nas mais ignóbeis condições durante tantos anos.

Isto chega? Não. Não chega. Dir-nos-á que é uma situação de carácter transitório, mas mesmo para um carácter transitório não chega.
Não está bem feito, não assegura o bem-estar dos animais que dependem inteiramente do nosso cuidado e protecção. Que dependem de si. De si, senhor Doutor, porque o senhor é a figura máxima do Concelho. Não são os seus vereadores, é o senhor. A derradeira responsabilidade é sua. O nome em cheque é o seu.
Comecemos pelo princípio, e o princípio foi mau.

Uma inauguração feita a uma quinta-feira às onze da manhã impede qualquer cidadão activo e trabalhador de estar presente.
Quem desenhou, analisou, concebeu e desenvolveu este projecto de canil provisório? As pessoas que conhecem bem a realidade e as necessidades dos animais foram consultadas?
Não nos parece, porque existem erros crassos na concepção dos espaços. Qualquer falta de consulta e pedido de aconselhamento e orientação só pode dever-se a falta de Vontade, porque todos os que protegem e cuidam de animais no nosso círculo estão à inteira disposição da sua Câmara e dos Vereadores responsáveis pela área dos animais.
Para a Câmara Municipal de Oeiras os animais valem menos do que um apartamento T1 numa zona pobre? A Câmara só tinha 20 mil euros para gastar num projecto desta importância e envergadura?
O senhor, que tem com toda a certeza um bom poder de análise e raciocínio, olhou para a obra feita e considerou-a adequada e suficiente?
O senhor sabe que existe Lei definida sobre as condições mínimas para alojamento de animais?
Sabe que os animais são seres vivos com necessidades básicas de protecção que têm de ser cumpridas? Que sofrem com o calor e com o frio?

O senhor, no seu discurso de inauguração do canil “provisório”, levantou (talvez inconscientemente, mas o nosso subconsciente tem muito que se lhe diga) uma questão pertinente ao dizer “estão ali os homens dos animais, eu espero que eles gostem de animais, quem não gosta tem dificuldade…”
Como são escolhidas as pessoas que lidam com os animais? Que competências têm? Que sensibilidade, conhecimentos e formação têm?
Acreditamos que nem o senhor saiba isso, porque não diria “espero que gostem de animais” se assim fosse, e porque é inconcebível ter gente a tratar de animais sem gostar deles!

Mas houve outra coisa dita por si que nos preocupa quanto ao carácter “provisório” deste pseudo-canil: “Agora as palmeiras estão pequeninas, mas vão crescendo.”
Esperamos que os animais não estejam onde estão quando as palmeiras crescerem, Sr. Dr., porque uma palmeira demora pelo menos dez anos a crescer. Este canil, mesmo com melhores condições do que aquelas que agora apresenta, só deverá manter-se por um ano, no máximo 18 meses, contando com atrasos na construção das instalações definitivas.
Já não falamos sequer no facto de a escolha de árvores ter sido inadequada, pois as palmeiras não são árvores de sombra, tão necessárias para refrescar o ambiente, principalmente em locais que albergam animais.

Outra questão de extrema importância reflecte-se numa ausência notória: qual é o espaço destinado à protecção dos gatos?
Não há gatil. Não há instalações para acolher gatos, nem há sinais de instalações que possam estar a ser construídas para esse fim. Através das fotografias tiradas no local verificamos a existência de uma espécie de jaula inacabada e vazia que não poderá, em absoluto, servir para o fim de acolhimento de gatos. Portanto, não há infra-estruturas concebidas ou adequadas a manter gatos em protecção. Há estas estruturas projectadas? Em que moldes? Para quando?

Todos os canis e gatis devem possuir duas áreas distintas, uma interior e outra exterior, e de preferência serem construídos junto a zonas arborizadas, para usufruírem da sombra, ou terem árvores plantadas na área circundante.
As zonas interiores devem possuir uma cama/repouso, comedouros e bebedouros e, no caso dos gatos, zonas de ginásio para trepar e arranhar as unhas. Devem ter espaço suficiente para os animais se moverem, boa circulação de ar e devem ser climatizadas, permitindo aos animais proteger-se da chuva, do frio e do calor.
As zonas exteriores devem ser construídas voltadas a nascente, de modo a usufruir dos raios de sol matinais, mas tendo protecção de sombra a partir das onze horas da manhã. O parque exterior dos canis deve ter espaço suficiente para o animal se exercitar, e o dos gatis deve ter zonas de sol e sombra e diferentes níveis em altura. O exterior deve ser concebido com escoamento de água da chuva e de lavagens, geralmente constituído por um ralo ou rasgo que conduza a escoadouro principal.
Em anexo enviamos-lhe alguns exemplos do que deve ser um canil e um gatil. Estes modelos deveriam ter sido seguidos neste canil provisório de Vila Fria, usando materiais modulares e pré-fabricados que posteriormente poderiam ser desmontados e integrados no projecto final, em complemento das estruturas definitivas que fossem criadas em alvenaria. Poderiam, inclusive, tornar-se posteriormente áreas de quarentena, por exemplo. Portanto, um investimento reaproveitável.

Em resumo, o canil “provisório” agora apresentado em Vila Fria não satisfaz, é apenas o mínimo exigível (apesar de ser obviamente melhor do que as condições absolutamente deploráveis e desumanas que existiam em Paço de Arcos), e as condições que apresenta não protegem os animais nem zelam pelo seu bem-estar. É um canil obviamente não legalizado e não-legalizável. Considerando que os animais devem ser naturalmente tratados com dignidade, suscita admiração a satisfação que demonstrou por esta obra.
Estará a pensar que “é provisório”. Tem razão, a indicação dada é essa, mas suscita nova questão: se este é provisório, para quando o canil/gatil definitivo? E para onde?

No seu discurso referiu que o processo estava inquinado pelo problema do terreno que “tinha vindo à posse da Câmara Municipal numa espécie de doação, a empresa que o tinha entregue à Câmara faliu”… a que terreno estava a referir-se? À Quinta Carbone? À Serra de Carnaxide? Ao Bairro dos Navegadores em Porto Salvo? O da Serra de Carnaxide não será, pois é pertença da Câmara… portanto, que mais se está a passar com a Quinta Carbone e o Instituto Zoófilo, no já longo rol de transacções, vendas milionárias, promessas de permuta, avanços e recuos que têm acontecido de há 12 anos a esta parte?
Na mesma sequência, que “espécie de doação” é referida? Será o incidente com a Quinta Carbone…? Há escrituras? Há protocolos?
Estamos certos que o Sr. Dr. considera, como nós, ter já sido ultrapassado todo o limite de decência, bom-senso e paciência nos atrasos reiterados e sucessivos na criação de condições dignas e capazes para os animais do nosso Concelho.

Temos todas as condições para ser um exemplo para o nosso país e até para o Mundo, criando condições para o tratamento e alojamento dos animais recolhidos pela Câmara, com uma boa divulgação para adopção, e para a implementação da figura do animal comunitário, principalmente no que refere colónias de gatos, que podem e devem ser tratadas, testadas a doenças transmissíveis entre felinos, esterilizadas, estabilizadas e posteriormente protegidas, alimentadas e monitorizadas. Pelo que nos foi transmitido em reunião com o Dignº. Vereador, sabemos que estamos no bom caminho, mas continuamos a esperar os desenvolvimentos do tão importante programa RED (Recolha, Esterilização e Devolução), que irá marcar o início de uma nova era na protecção, tratamento e monitorização dos animais no Concelho de Oeiras.

A única explicação para que Oeiras ainda esteja na Idade da Pedra da Protecção Animal é a falta de Vontade dos políticos e responsáveis.
É uma vergonha para o Concelho a que o Sr. Dr. preside a forma como os animais são maltratados e desprezados, porque não tenha dúvida que a civilização de uma Nação e de um povo se vê na forma como os seus animais são tratados.
Os políticos deviam sempre lembrar-se de uma coisa: os animais não votam, mas nós votamos. E todos os grandes movimentos da História começam com apenas uma voz, que se multiplica e cresce, e que pode tornar-se num clamor de muitos milhares de vozes.

Nós não desistimos, Senhor Doutor.
Porque eles não têm voz. Porque são frágeis e indefesos. Porque dependem de nós. Porque não há cães vadios, há cães que os donos abandonaram nas ruas. E porque “a compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade de carácter e pode ser seguramente afirmado que quem é cruel com os animais, não pode ser um bom homem.”

Ficamos a aguardar a sua amável e rápida reacção a esta nossa missiva, e a sua resposta a todas as questões que aqui lhe são colocadas.
Estamos à sua total disposição para um encontro informal, ou uma reunião formal, como preferir, para de uma vez por todas podermos chegar a bom porto com esta questão tão importante.

Com os nossos melhores cumprimentos,
P’lo Oeiras 4Pets »

in http://campanhaesterilizacaoanimal.wordpress.com/
«Ninguém cometeu maior erro do que aquele que nada fez, só porque podia fazer muito pouco.» Edmund Burke
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terça out 16, 2012 9:22 pm

Intervenção feita hoje na Assembleia Municipal de Lisboa, sobre o canil municipal, pela deputada do PSD dra. Maria José Cruz. Para aplaudir de pé!


"Sr. Vereador José Sá Fernandes

Ainda o canil municipal...

Nunca pensei ter que voltar a fazer uma intervenção nesta assembleia, acerca do canil municipal de Lisboa.
Há anos que este canil vem sendo motivo de protestos, manifestações, petições e por último até de uma acção em Tribunal para que as suas condições fossem melhoradas.
Após concurso público foram realmente iniciadas as obras..
Como um “azar” parece nunca vir só, a empresa a quem as ditas obras foram adjudicadas faliu e quase há 1 ano que estas se encontram paradas, sem que a Câmara envidasse qualquer esforço no sentido de uma nova adjudicação a outra empresa para que fossem urgente e definitivamente concluídas
Aquando da presença do Sr. Vereador na comissão do ambiente no passado mês de Julho foi dito por ele, que iriam fazer um ajuste directo invocando o bem estar dos animais, e saúde pública, e, que em Setembro já estariam a trabalhar. Estamos em Outubro, e, parece que só agora chegaram à conclusão que afinal terá que haver concurso público. Quantos meses foram precisos para que chegassem a essa conclusão? Penso que desde o início que sabiam que seria necessário abrir concurso público para fazer nova adjudicação mas têm vindo ostensivamente a ignorar este assunto como se ele não tivesse qualquer importância ou manifesta gravidade.
E assim, numa atitude de profunda indiferença e desprezo pela vontade manifestada pelos cidadãos e, mais grave ainda, numa atitude de manifesta indiferença e completo desrespeito pela ordem do Tribunal, chegamos a Outubro mantendo-se os motivos que levaram à Providência Cautelar que continua por cumprir
Pergunto:
- Pretendem os senhores transmitir aos cidadãos o sinal de que as ordens dos tribunais são para ignorar? Ou pretendem que os cidadãos se convençam ainda mais que a Justiça é só para alguns? Sim, porque quando a Câmara exige o cumprimento da Lei e dos Regulamentos e recorre aos tribunais, certamente não pretende que as sentenças sejam dadas e os cidadãos as ignorem, ou pretendem? Como se costuma dizer, o exemplo vem de cima. E o exemplo que devia, neste caso, vir de cima é péssimo pois é absolutamente inadmissível assistir à atitude de um executivo, que tinha a obrigação de ser o primeiro a mostrar-se respeitador pelas regras de conduta do país, agir como se estivesse acima da Lei, ou, pior ainda, como se ele próprio fosse a lei, o “eu quero, posso e mando”.
- Não está mais que na altura de os políticos saírem à rua, olharem e verem o país real, e não o país estudado através de estatísticas de sondagens dentro dos gabinetes?
- Não está mais que na altura de redefinir as prioridades e ver o que é de facto prioritário e não o que acham sê-lo?
- Não está mais que na altura de escutar e ouvir atentamente o que os cidadãos, mais que dizer, já gritam?
A situação dos animais no canil municipal de Lisboa não é um assunto secundário, como tem sucessivamente vindo a ser encarado, não é um assunto no fim da lista de prioridades. E temos dois municípios precisamente aqui ao lado, Sintra e Cascais, que já mostraram isso de forma gritante e que os senhores só estando tremendamente desatentos não vêm. Atento à mudança de prioridades e à voz dos cidadãos, o município de Sintra investiu 1,5 milhões de euros, na construção de um novo canil municipal, já inaugurado este ano, elevando o concelho ao estatuto de exemplo nacional, enquanto Cascais já optou por proibir o abate. E enquanto os municípios vizinhos evoluem, a capital do país permanece estagnada e obsoleta e emitindo sinais dignos de uma sociedade ditatorial e não de uma sociedade livre e democrática.
Não foi para exercer as suas próprias vontades que o executivo foi eleito. O executivo foi eleito para cumprir a vontade da população que representa. A forma de pensar política, meus senhores, caso ainda não tenham reparado, mudou drasticamente. Os cidadãos, mais que dizer, já gritam que os políticos não estão nos cargos para fazer o que lhes parece mas para fazer aquilo que os cidadãos querem que façam! Esta é uma consciência política que grassa a passos gigantescos e que é preciso ser completamente surdo para não ouvir.
Além disso, Lisboa é capital de Portugal. Lisboa não representa apenas os munícipes que a povoam, Lisboa é a cidade que representa o país inteiro e, como tal, tem mais que obrigação de o representar condignamente. O executivo de Lisboa tem esta responsabilidade acrescida que devia ser uma das suas prioridades principais e não “assobiar para o lado” como se nada fosse consigo.
Como é possível que os senhores mostrem a mais profunda indiferença pelo bem estar dos animais que estão à vossa responsabilidade? Como é possível que os senhores ignorem o sofrimento por que eles passam, tratando-os como meros objectos quando o próprio Tratado de Lisboa já os reconheceu como seres sencientes que são? Como é que se convive pacificamente com a morte, a fome e os maus tratos quando se sabe que se tem obrigação de obstar a isto? São excessivos os erros cometidos e é obsoleta a lista de prioridades. Estamos no século XXI caros senhores, no século XXI ! E não vivemos isolados !
Quando o Exmo Senhor Presidente da República vem pedir aos portugueses que mudem a imagem que Portugal tem lá fora, não deviam ser os senhores os primeiros a tratar disso, os primeiros a dar o exemplo? Como se pode mudar uma imagem que mais não é que o retrato real? E Lisboa, como capital, é a carta-postal de Portugal. A ostensiva indiferença mostrada por este executivo em relação ao canil municipal é ultrajante e enche-nos de vergonha, cá dentro e lá fora."
«Ninguém cometeu maior erro do que aquele que nada fez, só porque podia fazer muito pouco.» Edmund Burke
Petruska1
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quarta out 24, 2012 7:51 am

Tassebem Escreveu:Intervenção feita hoje na Assembleia Municipal de Lisboa, sobre o canil municipal, pela deputada do PSD dra. Maria José Cruz. Para aplaudir de pé!


"Sr. Vereador José Sá Fernandes

Ainda o canil municipal...

Nunca pensei ter que voltar a fazer uma intervenção nesta assembleia, acerca do canil municipal de Lisboa.
Há anos que este canil vem sendo motivo de protestos, manifestações, petições e por último até de uma acção em Tribunal para que as suas condições fossem melhoradas.
Após concurso público foram realmente iniciadas as obras..
Como um “azar” parece nunca vir só, a empresa a quem as ditas obras foram adjudicadas faliu e quase há 1 ano que estas se encontram paradas, sem que a Câmara envidasse qualquer esforço no sentido de uma nova adjudicação a outra empresa para que fossem urgente e definitivamente concluídas
Aquando da presença do Sr. Vereador na comissão do ambiente no passado mês de Julho foi dito por ele, que iriam fazer um ajuste directo invocando o bem estar dos animais, e saúde pública, e, que em Setembro já estariam a trabalhar. Estamos em Outubro, e, parece que só agora chegaram à conclusão que afinal terá que haver concurso público. Quantos meses foram precisos para que chegassem a essa conclusão? Penso que desde o início que sabiam que seria necessário abrir concurso público para fazer nova adjudicação mas têm vindo ostensivamente a ignorar este assunto como se ele não tivesse qualquer importância ou manifesta gravidade.
E assim, numa atitude de profunda indiferença e desprezo pela vontade manifestada pelos cidadãos e, mais grave ainda, numa atitude de manifesta indiferença e completo desrespeito pela ordem do Tribunal, chegamos a Outubro mantendo-se os motivos que levaram à Providência Cautelar que continua por cumprir
Pergunto:
- Pretendem os senhores transmitir aos cidadãos o sinal de que as ordens dos tribunais são para ignorar? Ou pretendem que os cidadãos se convençam ainda mais que a Justiça é só para alguns? Sim, porque quando a Câmara exige o cumprimento da Lei e dos Regulamentos e recorre aos tribunais, certamente não pretende que as sentenças sejam dadas e os cidadãos as ignorem, ou pretendem? Como se costuma dizer, o exemplo vem de cima. E o exemplo que devia, neste caso, vir de cima é péssimo pois é absolutamente inadmissível assistir à atitude de um executivo, que tinha a obrigação de ser o primeiro a mostrar-se respeitador pelas regras de conduta do país, agir como se estivesse acima da Lei, ou, pior ainda, como se ele próprio fosse a lei, o “eu quero, posso e mando”.
- Não está mais que na altura de os políticos saírem à rua, olharem e verem o país real, e não o país estudado através de estatísticas de sondagens dentro dos gabinetes?
- Não está mais que na altura de redefinir as prioridades e ver o que é de facto prioritário e não o que acham sê-lo?
- Não está mais que na altura de escutar e ouvir atentamente o que os cidadãos, mais que dizer, já gritam?
A situação dos animais no canil municipal de Lisboa não é um assunto secundário, como tem sucessivamente vindo a ser encarado, não é um assunto no fim da lista de prioridades. E temos dois municípios precisamente aqui ao lado, Sintra e Cascais, que já mostraram isso de forma gritante e que os senhores só estando tremendamente desatentos não vêm. Atento à mudança de prioridades e à voz dos cidadãos, o município de Sintra investiu 1,5 milhões de euros, na construção de um novo canil municipal, já inaugurado este ano, elevando o concelho ao estatuto de exemplo nacional, enquanto Cascais já optou por proibir o abate. E enquanto os municípios vizinhos evoluem, a capital do país permanece estagnada e obsoleta e emitindo sinais dignos de uma sociedade ditatorial e não de uma sociedade livre e democrática.
Não foi para exercer as suas próprias vontades que o executivo foi eleito. O executivo foi eleito para cumprir a vontade da população que representa. A forma de pensar política, meus senhores, caso ainda não tenham reparado, mudou drasticamente. Os cidadãos, mais que dizer, já gritam que os políticos não estão nos cargos para fazer o que lhes parece mas para fazer aquilo que os cidadãos querem que façam! Esta é uma consciência política que grassa a passos gigantescos e que é preciso ser completamente surdo para não ouvir.
Além disso, Lisboa é capital de Portugal. Lisboa não representa apenas os munícipes que a povoam, Lisboa é a cidade que representa o país inteiro e, como tal, tem mais que obrigação de o representar condignamente. O executivo de Lisboa tem esta responsabilidade acrescida que devia ser uma das suas prioridades principais e não “assobiar para o lado” como se nada fosse consigo.
Como é possível que os senhores mostrem a mais profunda indiferença pelo bem estar dos animais que estão à vossa responsabilidade? Como é possível que os senhores ignorem o sofrimento por que eles passam, tratando-os como meros objectos quando o próprio Tratado de Lisboa já os reconheceu como seres sencientes que são? Como é que se convive pacificamente com a morte, a fome e os maus tratos quando se sabe que se tem obrigação de obstar a isto? São excessivos os erros cometidos e é obsoleta a lista de prioridades. Estamos no século XXI caros senhores, no século XXI ! E não vivemos isolados !
Quando o Exmo Senhor Presidente da República vem pedir aos portugueses que mudem a imagem que Portugal tem lá fora, não deviam ser os senhores os primeiros a tratar disso, os primeiros a dar o exemplo? Como se pode mudar uma imagem que mais não é que o retrato real? E Lisboa, como capital, é a carta-postal de Portugal. A ostensiva indiferença mostrada por este executivo em relação ao canil municipal é ultrajante e enche-nos de vergonha, cá dentro e lá fora."
Já fui ao canil da CML e não os achei maus.
Podiam ser melhores? Podem sempre, ser melhores e há sempre coisas a melhorar.
<p><a title="Dubitando, ad veritatem parvenimus... aliquando! Duvidando, chegamos à verdade... às vezes!" target="_top" href="http://dubitando.no.sapo.pt/index.htm"></a></p>
<p>Dubitando, ad&nbsp;veritatem pervenimus...aliquando!/Duvidando, chegamos &agrave; verdade...&agrave;s vezes! By: Fl&aacute;vio Josefo</p>
<p>A pra&ccedil;a p&uacute;blica est&aacute; cheia de moscas!</p>
<p>"O homem &eacute; uma corda estendida entre o animal e o Super-homem - uma corda sobre o abismo". - by Nietzsche</p>
<p>&ldquo;A f&oacute;rmula da minha felicidade: um sim, um n&atilde;o, uma linha reta, um objetivo.&rdquo; (Friedrich Nietzsche)</p>
Tassebem
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quarta out 24, 2012 9:48 am

Quando foi? Que canis lhe mostraram? Viu o gatil?
&laquo;Ningu&eacute;m cometeu maior erro do que aquele que nada fez, s&oacute; porque podia fazer muito pouco.&raquo; Edmund Burke
Petruska1
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quarta out 24, 2012 11:05 am

Tassebem Escreveu:Quando foi? Que canis lhe mostraram? Viu o gatil?

Fui 1 ou 2 dias antes da Peste ter ido buscar a Vida. Não vi qq gatil. Vi canis e eram jeitosos.
<p><a title="Dubitando, ad veritatem parvenimus... aliquando! Duvidando, chegamos à verdade... às vezes!" target="_top" href="http://dubitando.no.sapo.pt/index.htm"></a></p>
<p>Dubitando, ad&nbsp;veritatem pervenimus...aliquando!/Duvidando, chegamos &agrave; verdade...&agrave;s vezes! By: Fl&aacute;vio Josefo</p>
<p>A pra&ccedil;a p&uacute;blica est&aacute; cheia de moscas!</p>
<p>"O homem &eacute; uma corda estendida entre o animal e o Super-homem - uma corda sobre o abismo". - by Nietzsche</p>
<p>&ldquo;A f&oacute;rmula da minha felicidade: um sim, um n&atilde;o, uma linha reta, um objetivo.&rdquo; (Friedrich Nietzsche)</p>
Tassebem
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quarta out 24, 2012 11:30 am

Pois bem me parecia.

Não viu o gatil (e as condições até foram ligeiramente melhoradas depois da providência cautelar).

Não viu a chamada ala fechada, onde agora já não se vêem animais dos vidros no corredor, mas das vezes que lá fui ainda havia animais lá, nos corredores interiores, fora das vistas.

Não viu o canil dos animais chamados em quarentena, que é ainda mais atroz, mais que medieval, onde há animais há anos, pendentes de processos judiciais.

O canil de Lisboa é, ao contrário do que devia ser, um foco de doenças e um perigo para a saúde pública!

O canil, desde a providência cautelar, só mostra a quem só quer ir ver ou adoptar o canil exterior. Essa é a política para que as pessoas lá vão, não vejam a vergonha que é, e venham cá para fora dizer que até nem é mau, como aconteceu consigo!

Além disso, é facto que as obras do canil ganharam o orçamento participativo de 2010, salvo erro, e nada ainda foi feito -- nem será, se tal depender do empenho do vereador responsável, como toda a gente minimamente informada sobre este assunto (e que o conheça minimamente) sabe. Ele está positivamente a borrifar-se para os animais, para o canil e até para ordens do tribunal! Eu não voltei a votar em orçamento participativo nenhum, é uma treta política para munícipe ver!

O canil de Lisboa não está licenciado pela DGV, de acordo com legislação para as condições que os canis devem ter, desde 2001, salvo erro!
&laquo;Ningu&eacute;m cometeu maior erro do que aquele que nada fez, s&oacute; porque podia fazer muito pouco.&raquo; Edmund Burke
Petruska1
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quarta out 24, 2012 12:57 pm

[Editado pela moderação - offtopic]

Era uma metáfora!!!!
Última edição por Petruska1 em sexta out 26, 2012 11:00 am, editado 3 vezes no total.
<p><a title="Dubitando, ad veritatem parvenimus... aliquando! Duvidando, chegamos à verdade... às vezes!" target="_top" href="http://dubitando.no.sapo.pt/index.htm"></a></p>
<p>Dubitando, ad&nbsp;veritatem pervenimus...aliquando!/Duvidando, chegamos &agrave; verdade...&agrave;s vezes! By: Fl&aacute;vio Josefo</p>
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<p>"O homem &eacute; uma corda estendida entre o animal e o Super-homem - uma corda sobre o abismo". - by Nietzsche</p>
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Joie2
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quinta out 25, 2012 3:43 pm

:o

Atrasei-me.
nanda4
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quinta out 25, 2012 4:18 pm

Não sei pq que a moderação apagou os meus comentários mas ok :roll: :roll:
Sou a nanda4...
Já fui a nandapossollo nandaalmeida chateada e nandaalmeida de novo :lol:
dinodane
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sábado out 27, 2012 12:15 am

Será porque você posta em todo o lado e de qualquer maneira e quer à viva força fazer do fórum um chat? hmmm?

"A inveja é a arma do incompetente" Anónimo

nanda4
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sábado out 27, 2012 8:42 am

dinodane Escreveu:Será porque você posta em todo o lado e de qualquer maneira e quer à viva força fazer do fórum um chat? hmmm?
EU??
Dino desculpe lá mas não lhe admito!!!
Eu dei a minha opinião mais nada.
Sou a nanda4...
Já fui a nandapossollo nandaalmeida chateada e nandaalmeida de novo :lol:
Tassebem
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sábado out 27, 2012 10:09 am

dinodane Escreveu:Será porque você posta em todo o lado e de qualquer maneira e quer à viva força fazer do fórum um chat? hmmm?
Não foi o caso. Ainda está nos Moved, se quiser ver. De resto, também fiquei admirada com a edição.
&laquo;Ningu&eacute;m cometeu maior erro do que aquele que nada fez, s&oacute; porque podia fazer muito pouco.&raquo; Edmund Burke
Pirata02
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sábado out 27, 2012 10:48 am

epah,volta na volta venho cá ler o que postam,em especila a Tassebem...e realmente admira-m como a moderaçao retira certaos comentarios.... ate meus ja foram retirados e nunca percebi o porque,pois até a data não tratei mal ninguem nem tenho como objectivo fazer tal coisa...mas acho que as afirmaçoes e trocas de ideias faziam parte do mesmo topico... isso é um forum tanto para informaçoes como para trocas de ideias... :roll:
sorry Tassebem pelo off-topic! :oops:
Tassebem
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terça nov 13, 2012 6:58 pm

Está em curso uma petição "Pelos Animais do Canil da Maia", que pode ser assinada aqui

http://www.peticaopublica.com/PeticaoVe ... 2012N29144

O texto é o seguinte:

"Para: Presidente da Câmara Municipal da Maia

Esta petição tem como objetivo evitar a mudança da gestão do Canil Municipal da Maia. As mudanças preveem afastar a associação Cãoviver que até agora tem colaborado com o município evitando os abates e promovendo as adoções dos animais que dão entrada no canil.
É importante que a associação continue a colaborar com o municipio, para que possa continuar com o excelente trabalho que tem vindo a fazer dela um magnífico exemplo a todos os níveis.
Por estes motivos apelamos ao Exmo. Sr. António Gonçalves Bragança Fernandes, Presidente da Câmara Municipal da Maia, que reconsidere a sua posição."
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Tassebem
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terça nov 13, 2012 7:03 pm

Sobre este mesmo assunto encontrei o seguinte comunicado da associação Cãoviver:

"Comunicamos a todos os nossos amigos, que dia 10 de Outubro, fomos informados, na reunião com a Câmara Municipal da Maia, sobre as novas directrizes que passarão a estar em prática no Canil Municipal da Maia brevemente, alegando o cumprimento da lei.

Comunicamos também que, tendo em conta que as novas directrizes sugerem uma triagem dos animais, passando a serem considerados aptos ou não aptos para adopção, amanhã, dia 13 de de Outubro, todos os animais que estão no Canil Municipal da Maia, sairão do canil durante a manhã, em nome da associação CãoViver, à excepção de 3 animais, que devido a questões legais, não podem ainda ser resgatados, tendo a associação deixado claro durante o dia de hoje, que os iríamos resgatar no fim desse período.

Todos os animais foram hoje chipados em nome da associação CãoViver e vacinados, sendo encaminhados durante o dia de amanhã para várias famílias de acolhimento temporário e hotéis.

Como já todos devem saber, o Dr. José Peres, médico veterinário que ajudou todo o nosso projecto de humanização de um canil municipal, neste caso o da Maia, reformou-se. A reforma infelizmente trouxe com ela muito mais alterações do que as que esperávamos.

A associação CãoViver, para quem não conhece, teve durante todo este ano, como campo de acção o Canil Municipal da Maia. O nosso principal objectivo foi desde inicio dar aos animais todo o carinho e cuidados que muitas vezes, por várias razões, não existem nos canis municipais.

Gostávamos de explicar-vos um pouquinho do nosso dia-a-dia, desde que começámos o projecto que visava aumentar as adopções dos animais, tornando todos os animais aptos para uma adopção responsável.

Todas as semanas eram feitas escalas semanais, nas quais todos os voluntários da associação referiam a sua disponibilidade. Tentámos desde sempre estar presentes nos dois turnos em que o canil municipal estava aberto ao público, isto é, desde as 9:00 até ás 12:30 e das 14:00 ás 17:30 de Segunda a Sábado.

Este tipo de actuação foi desde sempre aceite, o que permitia um tratamento e acompanhamento enorme dos animais que por azar vão parar a um canil. Tendo em conta que por vezes tínhamos vários animais a necessitar de tratamentos, banhos e medicações, o tempo acabava até por não chegar e quem nos visitou, com certeza que nos viu muitas das vezes bastante atarefados, tentando aproveitar cada bocadinho do tempo que restava.

A associação Cãoviver, conseguia então, na maior parte das vezes acompanhar as entradas e saídas dos animais para novas famílias, ajudando activamente no manuseamento dos animais em situações que requeriam mais cuidado, quando solicitado pelos adoptantes.
A associação CãoViver ajudava também os eventuais adoptantes, descrevendo o melhor que conseguia, os perfis dos animais e tentando dar orientações aos mesmos sobre como tratar um animal. Tínhamos alguns folhetos que entregávamos aos adoptantes dos cachorrinhos, para que tudo corresse bem. Todo este acompanhamento era incentivado pelos funcionários do canil, permitindo e apelando muitas vezes que fossem os voluntários a ajudar nas adopções de animais.
A associação CãoViver ajudava também a manter o canil aberto, nas alturas em que eram feitas capturas pela parte dos funcionários do canil, fazendo com que várias adopções tenham acontecido efectivamente devido ao facto do canil estar aberto com a ajuda dos voluntários.
A associação Cãoviver dispunha de um local de armazenagem, o qual foi devidamente autorizado pelos responsáveis pelo canil, podendo ter à sua disposição vários materiais necessários no dia a dia dos voluntários. A associação tinha também imensos donativos em mantas, pelo que também foi permitido que pudesse ser usada uma arca congeladora que estava avariada, como forma de armazenar toda essa roupa que era dada por particulares.
Foi permitida a permanência de uma treinadora devidamente especializada (treinadora Isabel), amiga da associação, para que ajudasse nos casos que precisavam de uma socialização mais intensiva.
A associação CãoViver estava autorizada a passear todos os animais no pátio, deixando esse mesmo pátio limpo no fim de cada dia de voluntariado.
Quando os animais davam entrada com ferimentos graves ou doenças que justificassem a rápida assistência, num horário não compatível com o médico veterinário, a associação pedia autorização para que estes fossem assistidos à sua conta nas clínicas externas com as quais a associação tem protocolo. O período de recobro, caso se justificasse, era feito fora do canil até que a alta fosse dada, retornando o animal ao canil depois desse período.
Todos os animais que deram entrada no canil municipal da Maia tiveram direito a assistência médica, prestada quer pelo médico veterinário, quer em clínicas externas quando necessário, sem qualquer custo para a câmara e com as devidas autorizações.
A associação foi a responsável pela desparasitação de todos os animais que deram entrada no canil municipal da Maia, sem qualquer encargo para a câmara da Maia.
Quando haviam feiras de adopção, os animais podiam sair do canil, mediante o preenchimento de um termo de responsabilidade, e caso não fossem adoptados na feira de adopção poderiam voltar ao canil.
A associação recebia orientações médicas, e sob essas orientações médicas, era a responsável pela medicação e recuperação física dos animais que precisavam de algum tipo de tratamento.
A associação estava autorizada a fazer o registo fotográfico de todos os animais que dessem entrada no canil municipal da Maia, não havendo qualquer tipo de impedimento mesmo em animais com algum tipo de problema social ou físico.
A associação divulgava muitas vezes, mediante pedido do responsável pelo canil municipal, animais que precisavam de ser adoptados mas que não iriam dar entrada no Canil Municipal da Maia.
A associação colaborou nas desinfestações e erradicação de pragas, colaborando também na recolha de carraças para um estudo .
A associação colaborou activamente no período de quarentena do canil, devido a uma possível propagação de vírus, que felizmente com todos os cuidados de higiene acabou por não atacar mais nenhum animal.
A associação foi várias vezes a responsável pela limpeza das boxes de animais considerados mais difíceis, fazendo com que não houvesse qualquer tipo de risco ou constrangimento com esses animais.
A associação colaborou com várias escolas, tendo uma delas também recebido a visita do veterinário municipal da Maia, como forma de sensibilizar as crianças para o abandono animal.
A associação conseguiu que várias vezes o canil tivesse disponíveis várias boxes ao mesmo tempo, recorrendo às adopções.
A rotatividade de animais que houve no canil municipal da Maia, foi reconhecido pelos órgãos superiores, notando-se um acréscimo de pedido de chips e vacinas que eram dados gratuitamente aos animais.
O Canil municipal da Maia não recebia animais directos para abate.

Todos os animais saíam para o pátio, excepto os animais que estivessem ainda a ser trabalhados socialmente ou em período de quarentena.
A associação também foi a responsável pela retirada de gatos que, por uma razão ou outra, não podiam ser recolhidos pela associação com a qual a câmara tem protocolo no que diz respeito a gatos.

O dia a dia da associação passava por retirar os animais das boxes, um por um, e em casos excepcionais, tiravam-se mais quando eram companheiros de box ou quando se tentava verificar o perfil do animal em relação a outros animais.

Quando estavam disponíveis cachorros para adopção, a associação procedia à limpeza e alimentação dos mesmos. Fazíamos também a desparasitação prolongada dos mesmos.

No pátio a associação socializava e observava o comportamento dos animais, de forma a dar conta de algum tipo de problema comportamental ou físico. Quando tal era observado, recorríamos ao médico veterinário, que observava o animal e dava orientações.

Antes de colocar o animal nas boxes, verificávamos se o animal tinha acesso a água e a comida, assim como se haviam as condições mínimas de higiene na box.

Não vamos dizer que éramos perfeitos, nem que tudo corria sempre às mil maravilhas, mas chegou-se a grandes entendimentos com os responsáveis pelo canil, o que tornou possível o estilo de actuação que tínhamos.

Acontece que desde Agosto ( altura em que o veterinário municipal da Maia se reformou e foi substituído por dois médicos veterinários, tendo como médico responsável o veterinário do município de Valongo) que têm havido vários constrangimentos no que diz respeito ao modo de actuação que até então tinha sido aceite.

Fomos aos poucos dando conta que várias coisas iriam mudar e procurámos incessantemente respostas, que infelizmente apenas nos chegaram no dia 10 de Outubro de 2012.

O canil municipal da Maia vai alterar vários pontos no que diz respeito ao seu funcionamento e voluntariado. Apesar da associação ter tentado rebater os novos pontos na reunião oficial com a câmara, fomos informados que o modelo de gestão do canil municipal da Maia já tinha sido aprovado em assembleia municipal, e como tal, a reunião foi meramente informativa.

Como tal, deixamos aqui as regras a observar no âmbito do voluntariado no CROACM – centro de recolha oficial de Animais de companhia da Maia :

No CROACM é permitido o exercício de voluntariado ás pessoas interessadas, às quais será atribuído um cartão individual de acesso;
O voluntariado decorre durante a manhã, à 2ª, 4ª e 6ª feiras, em 2 turnos de 1 hora cada entre as 10:00 e as 12:00;
Só podem permanecer nas instalações do CROACM 2 voluntários em simultâneo;
O acesso aos voluntários é restringido a uma zona do CROACM especifica para esse fim, definida pelo médico veterinário municipal;
O voluntariado incide sobre os animais considerados aptos para adopção pelo médico veterinário municipal;
As tarefas a realizar pelos voluntários são previamente determinadas pelo médico veterinário municipal;
O voluntariado é gerido pelo Médico veterinário em exercício, de acordo com as necessidades e dirigido individualmente a cada interessado;
Os voluntários podem levantar animais e colocá-los em local próprio, mediante autorização do médico veterinário municipal, após vacinação e identificação electrónica dos animais em seu nome;
Os voluntários podem promover a divulgação dos animais em condições de adopção, com vista a uma maior taxa de adopção;
A divulgação de conteúdos relativos ao CROACM, nos diversos meios de comunicação social pelos voluntários, está sujeita a prévia autorização da câmara municipal da Maia.
Não é permitida a permanência de voluntários no CROACM na ausência do médico veterinário em exercício.
Não é permitida qualquer outra utilização dos espaços das instalações do CROACM que não sejam as previstas na legislação e normas em vigor.

Informamos também que fomos informados que a sala que nos tinha sido gentilmente cedida no canil, terá de ser desocupada, pelo que qualquer donativo que queiram dar à associação Cãoviver, terão de entrar em contacto com a mesma.

Temos também a informação de que o horário de visitas para adopções foi também reformulado."

in http://www.animalife.pt/caoviver/notici ... l-da-maia/
&laquo;Ningu&eacute;m cometeu maior erro do que aquele que nada fez, s&oacute; porque podia fazer muito pouco.&raquo; Edmund Burke
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